sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Juventude evangélica e seus desafios

Tive o privilégio de participar da Temporada de Treinamento Para Líderes de Jovens, que aconteceu em Belo Horizonte nos dias 19 a 29 de janeiro de 2009. O treinamento foi promovido pela Mocidade Para Cristo (MPC), uma missão internacional e interdenominacional que atua em mais de 90 países ao redor do mundo, com uma missão de levar o Evangelho de Jesus a todo jovem.

O principal objetivo do evento foi que ao sair do treinamento, cada jovem tivesse a convicção de que mais do que aulas, mais do que dicas, mais do que experiências compartilhadas com outros líderes, tivesse a convicção de que houve um encontro com o Deus Trino. Pensando bem, acredito que a melhor pessoa para falar de Cristo ao jovem não-crente é o jovem que teve um encontro com Deus, alguém que já conhece de perto a Jesus.

Numa das aulas, o Diretor Nacional da MPC, Marcelo Gualberto, ateve à juventude evangélica, na tentativa de fazer uma leitura crítica do seu momento, objetivando com isso desafiar cada líder, para uma tomada de posição frente à crítica situação atual.

Refletindo sobre isso, durante e após a viagem, reaprendi algumas verdades básicas. Para facilitar a compreensão do leitor, reportarei o assunto em tópicos como segue:

Juventude religiosa, mas incrédula

As igrejas estão cheias de jovens que precisam se converter. Pessoas que ainda não entenderam que muito perto não é suficiente e que é necessário passar pela porta, ou seja, para quem está do lado de fora, tanto faz 5 cm ou 5.000 km, a condição é a mesma: perdição eterna. Muitos se acostumaram com o evangelho, Este estado de muito próximo das coisas de Deus é perigoso. As pessoas se enganam a si mesmas e aos outros vivendo uma vida religiosa (nem tanto) sem uma genuína conversão.

Juventude bem informada, mas imatura

Com o surgimento da Geração Gospel e do culto-show, não há mais espaço e nem interesse no estudo da Palavra e no crescimento espiritual. A galera inverte as coisas. O uso da arte, da música, do humor, etc; não substitui a mensagem do evangelho. Falta coerência entre informação e maturidade. Embora seja uma juventude bem informada, uma vez que o mundo está à distância de uma tecla, do ponto de vista espiritual, essa é uma geração imatura, que correm de um lado para outro ao sabor de qualquer novo vento de doutrina. E doutrina nova é o que não falta.

Juventude sarada e talentosa, mas cansada e indisponível

Embora esta seja uma geração saúde que adora corpos bem cuidados, malhados, bronzeados e elegantes, há um cansaço crônico entre a juventude atual. Talvez gerados pelos inúmeros compromissos (faculdade, aulas de inglês, espanhol, academia, etc., etc.) esse cansaço impede o jovem de doar seu tempo e talento para a obra de Deus. Poucos são os que se envolvem para valer, com determinação, se gastando na seara do Senhor.

Esse perfil é traçado pensando na maioria. O que você acaba de ler é fruto do que vejo, mas também ouvir de quem tem andado (em média 180 dias por ano) em congressos, acampamentos, retiros, cruzadas e conferências nos quatro cantos brasileiros.

Cinco meses depois, li na reportagem de capa da revista Época (Nº 578) dedicada à analise da religiosidade da juventude brasileira, que 95% dos jovens do Brasil declaram-se religiosos (referindo-se principalmente aos diversos ramos do cristianismo), ocupando o terceiro lugar em comparação com a juventude de outros países (Nigéria, 1º lugar; Guatemala, 2º).

Todavia, a mesma revista Época, afirma que os mesmos jovens brasileiros são os que apresentam a religiosidade mais inconsistente: apenas 35% vivem os preceitos da fé que professam – palavras do próprio jornalista: “o índice de coerência religiosa é, portanto, dos mais baixos”, página 70.

Algo está errado! Mas não desanima! Há uma palavra animadora:

Diante do suposto, vão aqui os nossos principais desafios:

Primeiro desafio: conversão

Parece que a igreja evangélica se tornou um campo missionário. Precisamos pregar o simples e genuíno evangelho e convidar os jovens a tomarem uma decisão por Cristo. Em resposta a este comentário, Marcelo Gualberto, Sugere três passos práticos: mais tempo para a pregação da Palavra nos nossos eventos. A fé vem pelo ouvir e o ouvir a Palavra, realizar mais apelos evangelísticos, voltar à prática dos testemunhos evangelísticos: o que eu era sem Cristo, como eu me encontrei com Cristo, o que Cristo realizou na minha vida.

Segundo desafio: compromisso

A galera até quer Deus, mas não quer um compromisso com Ele. Estão todos os domingos na igreja, mas nada de comprometimento. Pensando nisso, podemos desenvolver atividades que levam os jovens a um compromisso com Deus. Isso é muito mais do que conhecer. Tem haver com o que fazer com o que se sabe. Estou dizendo que, não basta conhecermos, mas aplicarmos em nossas vidas o que sabemos sobre os princípios de Deus para nós. Não precisa de muita perfumaria, é só a gente voltar a memorizar versículos, praticar a hora devocional diária, desenvolver a leitura de bons livros, partilhar uns com os outros, e coisas do gênero.

Terceiro desafio: consagração

Faço coro com Marcelo Gualberto: “precisamos desafiar os jovens a colocarem seus dons e talentos a serviço do Rei”. Também posso dizer que foi numa dessas que me vi abrindo mão de tudo para a obra do Senhor. Não há nenhum protocolo. É só a gente escutar o que falamos e cantamos: “Ao Rei dos reis consagro tudo que sou. De gratos louvores transborda o meu coração. A minha vida eu entrego nas tuas mãos meu Senhor. Pra te exaltar com todo meu amor”.

Que Deus nos use como instrumentos de valor, despertando outros jovens enquanto é dia. A noite não tarda a vir. Daqui a pouco não haverá mais tempo.

5 comentários:

  1. Boa Eliseu, estamos precisando mesmo disso tudo, um evangelho puro e essencialmente voltado para a Cruz, cujo o objetivo principal é salvar o homem por inteiro.

    Também quero isso pra mim.

    ResponderExcluir
  2. muito bom cara! motivador e inspirador o texto!

    abraços!

    ResponderExcluir
  3. Temos duas opções:
    1. Entender que estamos "bem na fita", que não somos como esses caras aí, e parabenizá-lo pelo texto.
    2. Sentir constrangimento e ficar em silêncio pensando no quanto contribuimos para tudo isso aí.
    Que Deus tenha misericórdia de nós.

    ResponderExcluir
  4. Li esse texto que foi mandado por um link no grupo da ABU... foi extamente o que eu precisava ler!
    Deus lhe abençõe e lhe fortaleça a cada dia!

    ResponderExcluir