Contos de um chamado

Outro dia eu acordei bem cedo
Preocupado sem saber o que fazer
Eu tive medo quando eu pensei na labuta
Quando então resolvi querer viver

Meio aperreado, como que é avexado
Mesmo assim, levantei a cabeça
Pois quem pega no arado não pode ficar parado
Aqui ileso eu não fico, vou lutar antes que anoiteça

Assim eu pensei, e logo levantei
Preparei um cuscuz, passei um café
Essa hora o radio já tava ligado numas modas
Foi ai que escutei a voz do locutor:

Desacomoda gente nossa
Que a poesia já ecoa
O sol nasce no sertão
Junto com ele a esperança de uma vida boa

Fiquei ali matutando
Na prosa que me fisgou
Memorando cada verso
Que me deixou tão sonhador

O tempo passou...

O tempo passou tão de repente
Hoje tudo é diferente

A casa da roça ficou no meio do mato
Já não se ouve a cantoria, nem se quer da passarada
Não tem mais o pé de juá
A toada que passava na velha estrada não passa mais

Só que uma coisa não mudou
O sol ainda nasce nas capoeiras do sertão
Ele vem e anuncia um novo dia
Clareando meu caminho com raios de alegria

Todo dia que o sol nasce
Eu me lembro do sertão
Da voz do locutor
Que acendeu meu coração

Agradeço a Deus que foi lá no meu sertão
Catucar um coração e despertar um nordestino,
Ainda menino, para uma nobre missão
Contar a historia de Jesus e do seu amor divino

Como diz aquele locutor
Quero falar pro cê:

Desacomoda gente nossa
Que a poesia já ecoa
O sol nasce no sertão
Junto com ele a esperança de uma vida boa

Boa para quem invocar o nome do Senhor
Mas como invocarão aquele em quem não creram?
E como crerão naquele de quem não ouviram?
E como ouvirão, se não há quem conte a história?